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Era do Sociopata

O termo Antropoceno não somente nos ajuda a parar essa cultura de matar o planeta – ele contribui diretamente para os problemas que propõe abordar.

Primeiro, ele é toscamente mentiroso. Não são os humanos que estão “transformando” – leia-se matando – o planeta. São os humanos civilizados. Existe uma diferença. É a diferença entre o antigo crescimento de florestas e a cidade de Nova Iorque. É a diferença entre 60 milhões de bisões numa vasta planície e campos lotados de pesticidas e herbicidas de milho geneticamente modificado. É a diferença entre rios cheios de salmão e rios assassinados pelas hidroelétricas. É a diferença entre culturas cujos membros se reconhecem como indivíduo entre muitos e os membros dessa cultura, que converte tudo em benefício de si próprio.

Pra ficar claro: os índios Tolowa vivem onde vivo há pelo menos 12.500 anos, e quando os primeiros civilizados chegaram o lugar era um paraíso. Agora, 170 anos mais tarde, o salmão está em extinção, sequóias ocupam apenas 2% do espaço que ocupavam, e os campos (antes florestas) estão repletos toxinas.

Para ser ainda mais claro: Humanos não destróem infraestruturas. Humanos civilizados destróem estruturas, e eles tem feito isso desde o início da civilização. Um dos primeiros mitos de Gilgamesh no dematamento do que é agora o Iraque – derrubar florestas de cedro tão espessas que a luz do sol não o solo, tudo para que ele pudesse fazer uma grande cidade e, mais pontualmente, para que ele pudesse construir sua grande reputação.

Tudo isso é crucial, pois quem perpetua a atrocidade frequentemente tenta convencer a si mesmo e todos que o que ele está fazendo é o natural, ou o correto. A palavra “Antropoceno” é uma tentativa de naturalizar o assassinato do planeta alegando que o problema é o “homem”, e não de um tipo específico de homem conectado a uma cultura particular.

O nome também manifesta que o narcisismo supremo que caracteriza essa cultura desde o início. É claro que os membros dessa cultura vão apresentar seu comportamento com representante dos “homens” como um todo. As outras culturas nunca realmente existiram de qualquer forma, exceto como raças inferiores que simplesmente ficam no caminho para o acesso aos recursos.

O uso do termo Antropoceno alimenta esse narcisismo. Gilgamesh destruiu a floresta e construiu seu nome. Essa cultura destrói o planeta e nomeia uma era geológica para si mesmo. Que surpresa.

Eles dizem que um sinal de inteligência é a habilidade de reconhecer padrões. Então, os membros dessa cultura não devem ser muito inteligentes. Nós demoramos 6.000 anos pra reconhecer que o padrão de genocídio e ecocídio alimentado pelo narcisismo e sociopatia dessa cultura, e seu comportamento está simplesmente ficando pior (se é que descobrimos). Membros dessa cultura demoraram 6.000 anos pra reconhecer que as culturas que eles estavam conquistando eram comumente sustentáveis. Não contentes eles tentam incluir toda a humanidade no seu comportamento desprezível.

O narcisismo vai além de descrença na existência de outras culturas. Ele inclue acreditar que nada nesse planeta existe completamente, também. É como a frase de parachoque que diz: “Nós não somos a única espécie da Terra: Nós apenas agimos como se fôssemos”. Recentemente ouvi um astrônomo tentando explicar porque é importante explorar Marte. A exploração vai, ele diz, “responder a questão mais importante de todas: Nós estamos sozinhos?” Num planeta transbordando de vida (no momento), ele pergunta isso? Eu tenho uma questão mais importante. Ele é louco? A resposta é sim. Ele é um narcisista, e sociopata. Claro que os membros dessa cultura, que nomearam a si mesmo sem nenhum sinal de ironia ou humildade Homo sapiens, iriam, enquanto eles assassinam o planeta, declarar essa era dos homens.

O Antropoceno não dá nenhuma dica dos horrores que essa cultura está impondo. “A era do Homem”? Ah, isso é legal. Nós somos o número um, certo? Ao invés disso, o nome deve ser horrível, deve produzir choque e repulsa proporcional a essa atrocidade de matar o planeta. Ele deve nos chamar para diferenciar nós mesmo dessa cultura, pra mostrar que essa marca e esse comportamento não nos pertence. Ele deve nos chamar para mostrar que nós não merecemos isso. Ele deve nos chamar pra dizer “Nenhum índio dessa cultura será expulso de sua terra, e mais nenhuma espécia será levada à extinção!”.

Se nós tivermos que nomear essa era, vamos ser honestos e precisos. Posso sugerir, “A era do Sociopata”?

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No Responses — Written on May 1st — Filed in Português

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