Odeio ser do contra, mas não acho que nossa culpabilidade primária pela destruição do mundo natural venha do que consumimos. Acho que nossa culpabilidade primária vem de não parar o sistema que está destruindo o planeta. E há algumas direções para onde posso ir com isso.
Uma delas é, as pessoas às vezes falam sobre votar com seus dólares. E isso é uma sentença extraordinária sobre quão corrupta a assim chamada democracia em que vivemos é. Quando as pessoas reconhecem que as próprias eleições são farsas então elas dizem, bem, você pode votar com seus dólares. Mas isso também é uma farsa por uma série de motivos. Um deles é que aqueles de nós que não estão tentando destruir coisas sempre vão estar em grande desvantagem quanto ao dinheiro. E eu posso mostrar isso de algumas formas.
Primeiro, o que é produção nesta cultura? Produção é transformar os vivos em mortos. É transformar força vital em 2×4. É transformar rios em hidroeletricidade, que é usada para converter montanhas vivas em bauxita para latas de cerveja. E é isso que é produção
De volta àqueles que desejariam usar os dólares estarem em desvantagem… O que acontece se eu comprar… Se eu ganhar muito dinheiro, como eu acumulo muito dinheiro de uma forma que não é ambientalmente destrutiva? Porque se eu construir algo, eu estou nessa cultura, estou ameaçando o mundo natural. Se eu escrevo livros, bem, de onde vem o papel? Mesmo que seja reciclado, ainda envolve muita eletricidade muita água, e esses processos estão dentro do sistema industrial. O sistema todo é incrivelmente destrutivo.
Não estou dizendo que não deveríamos escrever livros ou fazer filmes ou fazer o que quer que você faça. Estou só dizendo que, vamos dizer que eu vá e roube um monte de dinheiro, porque assim não seria ambientalmente destrutivo. Eu invado o Wal-mart, e, bom, é sempre bom pegar dinheiro do Wal-mart. Eu invado o Wal-mart no meio da noite e, meu deus, não posso quebrar uma janela porque isso pode ser considerado violento por algumas pessoas. Mas eu vou e de alguma forma pego um maço de dinheiro, ou ganho muito dinheiro jogando Poker online, porque eu acho que isso não é ambientalmente destrutivo, exceto que você tem que ter um computador.
Vamos dizer que eu pego um milhão de dólares e compro terras. Eu basicamente perdi minha pilha e tenho voltar pro Wal-mart e pegar mais dinheiro para ter outro milhão para proteger mais terra. Mas vamos dizer que alguém acumule um milhão e use o dinheiro para comprar terras para desflorestar. E eles agora podem cortar as árvores e ganhar 5 milhões e comprar 5 milhões em terras e fazer isso de novo e de novo e de novo.
O ponto é, se você está tentando usar o dinheiro numa boa direção, acaba sendo um buraco. Não estou dizendo que você não deveria fazer, só estou dizendo que sempre estaremos em desvantagem assim. Esta é uma razão porque não podemos votar com nossos dólares.
Outra razão é que, eu estava fazendo as contas alguns anos atrás, eu vôo muito porque eu faço muitos discursos. E alguém poderia dizer, você é responsável pela United Airlines continuar nos negócios. O que é uma questão, a United Airlines continuar nos negócios é uma questão. Então eu fiz as contas para descobrir o quanto eu gasto, e lembre-se que eu vôo muito, e comprarei isso com seus ganhos totais. E minha parte foi, eu não me lembro, algo como 1/9 bilhões. Então sou responsável em 1/9 bilhões pela United Airlines continuar nos negócios, e isso não é muito efetivo.
Quando eu penso e eu falo sobre parar a destrutividade, eu quero tentar encontrar maneiras de ter a maior efetividade possível. Eu quero alavancar meu poder. Porque nós que estamos nos opondo ao império, que estamos nos opondo à destruição do mundo natural, não podemos, neste ponto, nos dar à luxúria de usar a força nua. O governo federal tem recursos suficientes à sua disposição para fazer as pessoas irem com armas para qualquer lugar, e usar força sobrepujante. Eu li outro dia que o exército dos Estados Unidos está ganhando em gastos dos insurgentes, ou da resistência, no Iraque, por, acho que é por 128.000 por 1. Para cada dólar que os insurgentes / resistência gastam, o governo dos Estados Unidos gasta 128.000. O que é uma alavanca muito, muito curta, do ponto de vista deles.
Como podemos encontrar maneiras de alavancar nosso poder, alavancar nossos esforços? E eu acho que minimizar os gastos é uma coisa boa por si mesma, mas não é a maior alavanca que eu imagino. E é como Ward Churchill diz, nós também temos que nos lembrar que mudança pessoal não se equipara com mudança social. Todos nós que nos importamos podemos nos tornar vegans, e esta cultura continuaria destruindo o planeta.
E eu entrei num grande argumento com um cara alguns anos atrás, porque ele estava dizendo que porque eu uso papel higiênico, eu sou tão responsável pelo desflorestamento quanto o chefe da Warehauser. E isso me pareceu sem sentido. Mas isso é algo que tantos de nós fazem o tempo todo. Tomamos responsabilidade por atos que não são nossos. E ele estava dizendo, sabe, vá perguntar isso a uma árvore.
Então eu fui, eu perguntei a uma árvore. Sabe, eu sou tão culpado? E a árvore disse, olhe, você é um animal, você consome coisas, aceite isso. Então eu percebi, sim, eu sou realmente culpado pelo desflorestamento, mas não porque eu uso papel higiênico. Eu sou culpado pelo desflorestamento porque eu consumo o interior de uma árvore, mas não cumpro a minha parte da barganha parando Warehauser. Então o que preciso fazer é isso, eu preciso parar a Warehauser.
Uma das coisas que crianças que sofreram abuso geralmente fazem é, porque estão numa situação inteiramente incontrolável, eles tentarão controlar como puderem. E assim se eu posso meramente fazer com que os pratos fiquem absolutamente limpos, eu não vou apanhar; E então eles podem limpar os pratos obsessivamente. Se eu posso ter certeza que eu sou perfeito, então o mal não irá acontecer.
Eu percebo muito excesso de ênfase no estilo de vida pessoal como sendo a mesma resposta. Porque, eu quero dizer, eu ouvi tanta gente dizer, sabe, quando eu penso em desflorestamento, eu tenho que me olhar no rosto, porque eu sou culpado também. Bem, não, na verdade você não é. Charles Hurwitz é muito mais culpado. Assim como o chefe da Warehauser, de Idaho. Assim com os empregados do serviço florestal.
E assim eu penso que nós precisamos não tomar responsabilidade pelas coisas que não são nossa responsabilidade. E sim, eu posso cortar meu consumo, mas se eu levar isso até o fim, eu deveria apenas me matar agora mesmo! E isso não é como eu posso servir melhor. Eu posso servir melhor parando a Warehauser.
Eu penso que é realmente importante que nós não nos identifiquemos com o sistema, e que nós não nos identifiquemos com aqueles que estão mantendo o sistema. Será que Tecumseh, o índio Shaunee, diria: nós estamos desflorestando? Acho que não. Porque ele estava opondo as forças que estavam matando seu povo. E iriam os membros da resistência francesa, ou russa, ou escandinava, ou norueguesa ou iugoslava dizer na Segunda Guerra Mundial, poxa, sabe, estamos matando os Judeus, estamos conquistando a Europa! Não, eles sabiam quem seus inimigos eram. E eu acho, um monte de pessoas dizem, poxa, Derrick, você é tão divisivo! Mas a verdade é que a divisão já está lá, e o planeta está sendo assassinado, e você é a favor ou contra?
Então eu penso que é realmente importante dizer, eu não sou o governo dos EUA. Eu não sou as corporações. Eu não sou os chefes das corporações. Então, eu sou oposto a eles. E isso significa que você não consome nada? De novo, eu tento entrar nessa relação. Eu tomo responsabilidade pelo que posso. Eu não criei essa cultura. Eu não criei a economia do petróleo. É meu trabalho tentar fechar ambos. E claro, eu posso dirigir tão pouco quanto puder, mas eu posso procurar por outras alavancas também.
…aqui está outra coisa interessante, pois é dito frequentemente que a habilidade de reconhecer padrões é um dos signos da inteligência. Então eu vou mostrar um padrão e vamos ver se nos conseguimos reconhecê-lo a menos de 5 ou 6 milhares de anos. Quando você pensa nas planícies colinas do Iraque a imagem que você possui é a de florestas de cedros tão densas que o sol nunca toca o chão? É como elas eram. O primeiro mito escrito dessa cultura é Gilgamesh indo lá e desmatando aquelas colinas para construir cidades.
Quando você pensa na península arábica, pensa em florestas de carvalhos? É o que ela costumava ser. Vamos nos mover um pouco para oeste e chegamos aos cedros do Líbano, e eles ainda tem um em sua bandeira. Eu nunca lembro se foi Platão ou Aristóteles, eu acho que deve ter sido Platão que comentou sobre como o desmatamento estava destruindo as nascentes e rios na Grécia.
E tenho certeza de que aqueles no poder disseram: “Bem, nos temos que estudar isso um pouco mais primeiro, para ter certeza de que há uma conexão entre as duas coisas”. A Grécia tinha grandes florestas, a Itália tinha grandes florestas, a África do Norte tinha grandes florestas. Você sabe que esta cultura esta desmatando. Todo modo de vida baseado no uso de recursos não-renováveis e baseado na hiper-exploração dos recursos renováveis, assim chamados.
Todo modo de vida que percebe o mundo ao seu redor como recursos e não como seres e comunidades com os quais entra em relações recíprocas que levarão a destruição de seu habitat. Esta cultura está destruindo seu habitat nos últimos 6.000 anos.
Isto não é muito esperto num planeta finito. E mais uma vez nós podemos pegar qualquer indicativo, seja a migração de pássaros, estrujões, desmatamento, eu digo, pegue um indicativo. As coisas estão… Nós estamos realmente fodidos.
Sabe, me dê um limiar, me dê um limiar a partir de onde você vai finalmente chamar isso de apocalipse. Me dê um limiar, mais importante, de onde você vai finalmente lutar contra. O que é preciso que aconteça? É preciso que ocorra a morte de todos os salmões? Talvez seja preciso que morram todos os ursos polares. Talvez seja preciso que morra a sua espécie preferida de pássaros migratórios.
Eu tenho esse tipo de hobby em perguntar as pessoas se elas gostam dos seus empregos e 90% dizem não. O que significa quando a vasta maioria das pessoas gasta suas horas despertas fazendo coisas que eles não querem fazer? O quão louco é isto? Então, sabe, você está trabalhando num emprego de 40 horas semanais, que você não gosta, então isto é suficiente pra você começar a resistir? Quando é a sua própria vida?
Ou que tal isso, que tal as taxas de câncer atingindo as alturas. E então quando eu tenho debates, quando eu pergunto às pessoas, “Quantos de vocês tiveram alguém que vocês amam ser morto pelo câncer”? 70% a 80% dizem sim. E então fica tudo bem, hmmm. Você não vai lutar contra quando seu amor morre de câncer? Ou sua mãe, seu pai, seu filho? Seu irmão, sua irmã, seu melhor amigo? Você não vai lutar contra quando você tiver câncer você mesmo, no seu próprio corpo? Eu tenho Doença de Crohn (inflamação gástrica crônica) que é uma doença da civilização. Me dê um limiar.
…uma das coisas espertas que os nazistas fizeram foi incorporar racionalidade e eles incorporaram esperança fazendo com que a cada passo do caminho parecesse mais racional ao judeu não resistir. Então, você usaria um cartão de identificação ou iria resistir e ser possivelmente morto? Ia querer mudar para um gueto ou resistir e ser possivelmente morto? Ia entrar num carro de carga ou resistir e ser possivelmente morto? Cada passo do caminho eles encararam esta escolha, é um movimento brilhante da parte dos nazistas. Ia tomar um banho ou resistir e ser possivelmente morto?
Há uma coisa muito interessante sobre isso, que os judeus que participaram do levante do gueto Warsaw possuíam uma taxa de sobrevivência maior do que aqueles que continuaram seguindo, o que é uma coisa que todos devemos ter em mente nos próximos 10 anos. Mas o meu ponto é que a mesma coisa acontece hoje, por isso eu digo me dê um limiar.
Porque, bem, eu quero mesmo fazer algo para ajudar o salmão, ou eu quero fazer, e possivelmente ser morto, ou colocado na prisão pelo resto da minha vida, eu quero realmente me opor ao sistema ou tudo bem se o salmom for embora. E as sanguessugas? E os estrujões, e os ursos polares? E o seu irmãocom câncer? É por isso que em algum momento nos temos que dizer, chegou o limite.
Eu digo, se eu for viver num campo de concentração, eu vou preferir ser um dos privilegiados. Se eu for viver neste sistema de campo da morte, é claro, honestamente, eu prefiro não ser – há mais escravos no mundo hoje do que na época do tráfico negreiro – e eu prefiro estar na posição que eu tenho do que ser um escravo. Eu prefiro não estar morrendo de fome. Eu sou incrivelmente privilegiado e é minha responsabilidade usar esse privilegio para fazer cair todo o sistema ou então eu não valho merda nenhuma.
Tinha um cara em uma de minhas palestras. E ele disse: você diz que esta cultura é baseada em violência, mas eu não vejo violência na minha própria vida. Eu disse: olhe para sua camisa. Ele disse: foi feita em Bangladesh. Eu disse: ok, não precisamos falar disso. Então eu disse: você paga aluguel? Ele disse sim. E eu perguntei por quê? Ele disse: Por que não sou dono. E o que aconteceria se você não pagasse aluguel? Bem, acho que seria despejado. Mas vamos a fundo, o que realmente aconteceria se você não pagasse o aluguel? O que aconteceria fisicamente? Um xerife iria bateria na minha porta…
E se você convidasse o xerife para jantar? Então ele entraria e você jantaria com o xerife e depois diria: foi ótimo jantar com você, mas você não é este tipo de companhia, então acho que deveria ir embora agora. O que aconteceria? O xerife apontaria a arma e me expulsaria de casa. Então a razão pela qual você paga aluguel é que se não pagar um cara com uma arma vai vir e te forçar a sair. E ele entendeu.
E o que aconteceria se você estivesse com muita fome e fosse a um supermercado e começasse a comer? O que aconteceria? Provavelmente chamaria a polícia. E um cara viria com uma arma. Sim, o mesmo cara, ele é um pé no saco, não? O ponto é que é um sistema muito estranho este em que você tem que pagar para dormir. Você tem que pagar para comer. Não estamos falando de luxo. Você tem que pagar para existir.
Isso nos força ao sistema. Estava conversando com um amigo índio meu há uns 10 anos atrás, sobre como funciona sua reserva no Canadá. Qualquer membro da comunidade pode construir sua casa em qualquer lugar
Não pode vender. Você pode construir algo para usar, mas não pode construir algo para vender. Faz muito mais sentido para mim. Ficou claro para mim que (…) nenhuma comunidade selvagem, pode sobreviver à lógica do capitalismo.
Porque se eu posso pegar madeira em qualquer lugar, Por que eu iria para uma loja comprar? Por que as pessoas comeriam no Mac Donalds? Se havia tantos pássaros que eles escureciam o céu. Com um só tiro você poderia derrubar uma dúzia de eskimo curlews. E eles são tão gordos que explodiam quando caiam no chão. E porque você iria…? Tudo isso são (frutas comestíveis). Pode adivinhar quantas dessas eu já comprei?
Porque eu compraria se eu tenho mais do que eu poderia comer aqui? É assim que costumava a ser. E, de novo, isso é necessário… E esta é outra parte. Tem uma grande carta escrita por um filósofo escravista do sul, cerca de 1830, que foi escrita para um filósofo abolicionista capitalista do norte. E o defensor da escravidão disse, olhe, nós seríamos muito felizes em desistir de nossos escravos se nós tivéssemos as mesmas condições que vocês têm. Porque a escravidão é apenas a melhor escolha econômica em condições bem específicas de propriedade de terras.
Se você não tem muitas pessoas em muitas terras, a única forma de fazê-los trabalhar é apontando uma arma. Porque acesso à terra significa auto-suficiência. Se por outro lado você tem muitas pessoas e todas as terras ocupadas, eles não têm escolha senão trabalhar para você por salários mínimos. Eu francamente preferia ser como você, porque você não tem que pagar quando um escravo fica doente, não tem que pagar a comida na infância, nem cuidar dos velhos. Você pode oferecer o que quiser, e se eles não aceitarem você contrata outra pessoa.
Fez muito sentido pra mim. Acesso à terra é tudo. Além disso a propriedade de terra não existe. Eu não sou dono dessa terra. O que acontece é que minha mãe tem um pedaço de papel que todos concordamos que significa que ela é dona dessa terra. Mas ela não é dona. A Warehouse não é dona da terra deles. (Várias empresas) não são donas de terras.
Eles têm um papel que dizemos que significa que eles são donos de terras. Há terras, e há pessoas famintas. E essas pessoas estão pagando dinheiro para viver na terra para outras pessoas que tem pedaços de papel que dizem que eles são donos. Mas é tudo uma alucinação coletiva…
Eu não dou a mínima para escrever livros. Eu adoro escrever, mas esse não é o ponto. Existe apenas um critério… Tanto faz se você viver numa eco-vila, ou dirigir um carro ecológico, ou fazer um filme ou qualquer coisa. Só existe um critério pelo qual seremos julgados pelas pessoas que virão depois. É a saúde da terra. Esta é a única coisa que importa, a única.
Não vão se importar se formos legais. Não vão se importar se escrevemos bons livros. Não vão se importar se usamos carros ecológicos. Não estou te atacando. Elas se importarão em ter água para beber, e comida para comer. E não serem envenenadas. E se o planeta não se acabou com aquecimento global. É isso que importa.
Parece tão óbvio para mim, mas um monte de gente tem argumentado contra. Não faz sentido para mim. Você pode ter essa maravilhosa eco-socio-utopia, mas se vive num planeta envenenado, você não tem nada. Vão haver pessoas daqui a 50 anos. Não terão ido embora. Mas estarão dizendo que eu estão morrendo de fome, porque o salmão não está aqui.
Eles não se importarão se votamos em republicanos ou democratas, ou se lemos livros muito bons. Dito isso, quanto à técnicas. Acho que a coisa realmente importante… As pessoas me perguntam se eu defendo a violência. E eu digo não. Eu defendo a não-violência, eu defendo estar presente nas suas circunstâncias, e nos seus próprios dons. E usar esses dons a serviço da terra. Meus dons acontecem de ser para a escrita.
Minha única nota baixa foi no laboratório de química orgânica. Provavelmente você não me quer fabricando explosivos. Não sou bom em mecânica. Mas sei escrever. E isto não é dizer que não podemos usar outra… Eu fiz muitas outras coisas, mas eu não era muito bom. E se apropriado, eu farei o que for necessário. O que quer que a terra requeira de mim.
Alguns anos atrás numa palestra, eu estava atacando a esperança, e alguém gritou: qual sua definição de esperança? Eu disse, eu não sei, você pode me dar uma definição? E eles vieram com essa bela definição: Esperança é desejar por uma condição futura sobre a qual você não tem poder. Eu não espero comer hoje, eu vou comer. Estou me comprometendo agora que eu vou comer hoje. Não digo que espero comer hoje.
Mas se entro num avião eu espero que ele não caia. Porque eu não tenho poder sobre isso. Mas tenho sobre se eu vou comer. Tenho ação sobre onde estou. Então se eu digo: espero que o salmão sobreviva, o que estou dizendo é que estou impotente. Então não espero que os salmões sobrevivam. Eu farei o que for para garantir que eles sobrevivam.
Imagine se todo mundo começasse a dizer: Eu farei o que for para parar o aquecimento global. O que for preciso. Eu farei o que for preciso para parar o imperialismo dos EUA. Para parar a Monsanto de poluir o mundo com organismos geneticamente modificados. Não quero dizer: Vou fazer o que for confortável. O que quer que seja legal, que seja seguro, ou considerado moral. Eu farei o que for preciso. O que acontece se você faz isso?
Tem uma bela frase do Thomas Jefferson, sobre índios americanos: “Na guerra, eles matarão alguns de nós, mas nós destruiremos todos eles”. É uma bela frase, porque manifesta porque a cultura dominante sempre ganha. Os iraquianos? Eles podem matar alguns de nós, mas nós vamos matar todos eles. Um tubarão mordeu um de nós? Pode matar um de nós, mas nós mataremos todos eles.
É assim que o sistema opera. E o que acontece se começarmos a responder? E se dissermos: você pode parar alguns de nós, mas nós vamos destruir todas as barragens. Você pode parar alguns de nós, mas nós vamos derrubar cada corporação. Você pode parar alguns de nós, mas nós vamos tirar sua habilidade de espalhar mísseis nucleares pelo planeta. O que acontece se dissermos isso pra valer? E atualizarmos isso?
Muitos serão mortos, mas isso é parte do problema… É como um amigo meu disse: Um dos problemas dos ativistas pelas florestas, é que nós não sabemos o que queremos, eles sabem. Queremos cortes limpos, cortes menores, cortes gentis? Eles querem até a última árvore. Cada último galho. Eles sabem o que querem. Então primeiro, o que queremos? O que você quer, o que David quer?
Eu sei o que quero, o que quero é um mundo em que haja mais salmão em cada ano. Em que não haja dióxido no leite materno. Eu quero um mundo onde haja mais peixes grandes nos oceanos, mais ursos polares a cada ano, mais primatas grandes. Onde as árvores sejam mais velhas. Vou fazer o que for preciso para isso. Então essa é a primeira questão, antes de falarmos de técnicas, deveríamos falar sobre o que queremos.
Então, se as pessoas querem fazer cidades mais ecológicas… isso é ótimo, eu sou bem inclusivo. Este é o problema que eu tenho com pacifistas. Eu não tenho problemas com alguém que diz “Eu nunca vou cometer um ato de violência”. O problema que eu tenho é quando os pacifistas tentam tirar essa ferramenta de todo mundo.
Pessoas em campos de concentração. Quando uma pessoa tenta escapar, as outras tentam impedi-la, porque isso iria ameaçar seu trabalho de acumular restos de comida. Não estou julgando as pessoas dos campos de concentração, eu preferiria ter mais restos de comida do que menos.
Há um belo livro de Robert J. Lifton chamado ‘Os médicos nazistas’, onde ele escreve sobre médicos que trabalham em campos de concentração. E eles faziam o melhor que podiam para ajudar as pessoas. Muitos deles fariam o melhor que podiam para ajudar. Eles fariam qualquer coisa, exceto questionar o campo de concentração. Fariam qualquer coisa menos questionar o racismo e todo o sistema que levou aos campos de concentração.
Então dariam uma aspirina para quem está doente, ou os esconderiam da seleção por algum tempo. Dentro do sistema fazem tudo que é possível, mas fora do sistema estão perpetuando. E pergunto a mesma coisa sobre ambientalistas. Nós fazemos o que está disponível dentro do sistema. Mas eu quero sugerir uma terceira alternativa, que é ser ofensivo e destruir o sistema.
Se nós fizermos um modo de vida sustentável, e aqueles no poder encontrarem recursos na nossa terra que eles querem, todo mundo sabe o que vai acontecer com nossa comunidade e com os indivíduos que resistirem. Índios viveram aqui por 12 mil anos, pelo menos. Sustentavelmente. Não precisamos inventar coisas novas. E o que acontece com eles?
Precisamos parar aqueles que estão destruindo o planeta. Isto não quer dizer que as pessoas não deveriam estar desenvolvendo alternativas, isso é bom. Mas não devemos esquecer que agora mesmo os oceanos estão sendo sugados. E há 70 mil barragens neste país com mais de 2 mil metros de altura. Há 2 milhões de barragens no total, neste país. Podemos vir com qualquer alternativa… As barragens ainda estão de pé.
Se fossem alienígenas que estivessem colocando as barragens e fazendo a pescaria industrial, nós saberíamos o que fazer. Se fossem (outras pessoas) fazendo o desflorestamento industrial, nós saberíamos como pará-los. Mas como são aqueles quem nós respeitamos, nós não paramos. Então está é a questão que eu faço é: Que bem desenvolver uma alternativa fará ao salmão?
Não estou dizendo que é tudo ou nada. Que precisamos destruir o sistema ou precisamos desenvolver alternativas comerciais. Precisamos disso tudo. Precisamos mesmo de uma revolução no sentido forte. Derrubar tudo, e sabemos o que precisamos fazer. Precisamos desfazer tudo que vemos ao nosso redor. Mas se simplesmente esperarmos pela grande revolução gloriosa, não vai sobrar nada. Então, enquanto isso, nós precisamos fazer essa mudança importante.
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